Discriminar origina-se do latim discriminare. É a injustiça como é tratado qualquer ente em virtude
de suas características como cor, nível social, sexualidade, origem, religião,
etc.
É notícia nacional a sentença do senhor
Eugenio Rosa de Araújo, Juiz Federal Titular da 17ª Vara Federal no Rio de
Janeiro, que não considera religião os cultos afro-brasileiros.
Esse
despacho foi exarado em uma ação promovida pelo Ministério Público Federal que pedia a
retirada do YouTube de vídeos onde grupos evangélicos pregam a intolerância
a praticantes de umbanda, candomblé e outras religiões afro-brasileiras.
Esta autoridade fundamentou sua decisão afirmando
que toda religião possui algumas
particulares como: a existência de um livro sagrado ou texto base, uma estrutura hierárquica e um
Deus a ser venerado.
A Maçonaria
luta, entre outros pressupostos, pelo aperfeiçoamento social, intelectual e
moral da humanidade. Seguindo esta orientação, não posso deixar de me
manifestar sobre o teor desta decisão judicial.
Preliminarmente
vamos fazer algumas definições:
Religião significa
"Re-Ligare", ou seja, "religação" com o divino,
estando nesta descrição qualquer forma
de perspectiva quanto a postura do homem em relação a uma divindade. As crenças, conforme a Ciência das Religiões, estão são dividias em
quatro grupos distintos: Panteístas, Politeístas Monoteístas e Ateístas
Seita vem de
"Secta", ou
seja "seguidor". É um seguimento dissidente que deturpa uma doutrina
maior e mais dominante, dando origem a uma determinada comunidade. Esta
sociedade tem um líder carismático que afirmar ter recebido uma missão divina,
ditando as regras a serem cumpridas pelos seguidos. O líder promove o isolamento visando o controle
total dos seus seguidores.
Em qualquer
estudo sério, os cultos afro-brasileiros
são considerados religiões. A meu ver a decisão de Sua Excelência é
discriminatória, pois não observa os pressupostos de ciências como antropologia,
filosofia, história, psicologia, sociologia e teologia.
É de relevância lembrar que os cultos
afro-brasileiros não possuem livros sagrados, uma vez que sua liturgia e outras
tradições são passadas oralmente. O magistrado ao afirmar que os cultos
afro-brasileiros não possuem hierarquia, demonstra desconhecimento na matéria. Cito como exemplo: culto Egungun existe o
Alapini, ou seja, o Sacerdote Supremo, Chefe dos alagbás. No Candomblé Ketu subsiste a figura de Iyá que
significa mãe e Babá que exprime pai. No
que tange a veneração lembro que as religiões afro-brasileiras são politeístas,
ou seja, adoram vários deuses: Exu, Ogum, Oxossi, Xangô, Oxum, Iansã, dentre
outros.
“O direito de
criticar dogmas e encaminhamentos é assegurado como liberdade de expressão, mas
atitudes agressivas, ofensas e tratamento diferenciado a alguém em função de
crença ou de não ter religião são crimes inafiançáveis e imprescritíveis”.
(Portal de Notícias do Senado Federal – Editorial de Cidadania, 16.4.2013)
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