terça-feira, 5 de agosto de 2014

MAÇONARIA E POLÍTICA




O Irmão Antonio do Carmo Ferreira asseverou: “O maçom brasileiro não é um abidicrata”, ou seja, uma pessoa que abdica de seu poder e de sua liderança. 
A proibição de não se discutir política no âmbito maçônico é uma falácia. A  vedação diz respeito as discussões sectárias, ou seja, quando Irmãos defendem, em Loja aberta e de maneira intransigente, sua posição. Não admitem o contraditório, infringindo princípios maçônicos como tolerância, ética, fraternidade e livre manifestação, com a correlata responsabilidade. 
A Maçonaria brasileira é filha da coirmã francesa. A entrada da Ordem Maçônica no País aconteceu no ano de 1796 com o fito de libertar os brasileiros do domínio português, portanto, uma atitude política.
O entendimento de proibir Maçons de discutir política profana no âmbito maçônico é recente. Foi imposta a partir de 4 de setembro de 1929 pela Grande Loja Unida da Inglaterra (GLUI) que estabeleceu oito critérios para reconhecer Grandes Lojas e Grandes Orientes espalhados pelo mundo. No sétimo item consta: “As discussões de Ordem Política e Religiosa são interditadas nas Lojas”.
A GLUI é uma autocracia que rende homenagens a Igreja Anglicana e a Coroa Inglesa. Sobre este assunto escreveu, no ano de 2012, o Irmão Kennyo Ismail em prancha intitulada O Vaticano Maçônico: “O Príncipe Eduardo, Duque de Kent, é Grão-Mestre da GLUI desde 1967, ou seja, uma “ditadura maçônica” que dura 45 anos. Alguns podem questionar essa afirmação, dizendo que ele é constantemente “reeleito”. Porém, não devemos nos esquecer que Fidel Castro também era. Ambos, por motivos óbvios, sempre foram candidatos únicos”.
Se os nossos antepassados não tivessem colocado em prática esfera  maçônica suas convicções políticas, a Maçonaria jamais teria participado das campanhas que orgulham diversas gerações de Maçons.  
Mas por que existe esta corrente de pensamento na Maçonaria brasileira? Porque alguns Irmãos acreditam que um reconhecimento internacional é mais importante que continuar com as lutas iniciadas por nossos ancestrais, cujo princípio verificou-se na Capitania de Pernambuco sob os auspícios do paraibano Manoel de Arruda Câmara. 
O ser humano é essencialmente político, não existindo qualquer cidadão apolítico mesmo que alguns se autointitulem. A política faz parte da vida do homem em casa, no trabalho, na família  e na Maçonaria.
Reitero aos Companheiros a obrigação de saber que esta regalia não lhe autoriza a provocar debates inconsequentes, os quais podem contribuir para uma cisão na Loja ou Potência. As autoridades constituídas, Grão-Mestre, Grão-Mestre Adjunto, Grande Orador, Grande Procurador, Venerável Mestre e Orador, devem tomar as providências necessárias para evitar este tipo de discurso.
Deliberar sobre política é um direito natural de qualquer cidadão, estando, obviamente, incluídos os homens livres e de bons costumes que foram recepcionados na Maçonaria, entidade receptora da Constituição da República Federativa do Brasil que assegura a livre manifestação política.
No ambiente maçônico eleições devem ser norteadas por critérios como ética, tolerância e meritocracia. O interesse da Loja e da respectiva jurisdicionante deve ser prioridade.
No mundo profano o Maçom deve trabalhar para conscientizar os membros de sua comunidade que: voto não tem preço e sim consequência, cargo eletivo não é hereditário, mandato político não é profissão, proposta para desempenho de mandato é fundamental e cumprimento desta promessa é obrigação. Creio ainda que outras campanhas devem ser encetadas visando acabar com alguns absurdos que existem no meio político brasileiro. 
O Maçom que não participa da vida política da sociedade em que está inserido, renega o passado glorioso da Maçonaria pátria.
Instituições centenárias como a Maçonaria brasileira jamais devem barganhar sua história e tradição.
“O homem é, por natureza, um ser político e social, conforme já afirmou um renomado filósofo. Ele sempre está envolvido em alguma atividade relacionada às outras pessoas”. (João Bosco de Andrade Araújo)
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