O Irmão Antonio do Carmo
Ferreira asseverou: “O maçom brasileiro não é um abidicrata”, ou seja, uma pessoa que abdica de seu poder e de sua liderança.
A
proibição de não se discutir política no âmbito maçônico é uma falácia. A vedação diz respeito as discussões sectárias,
ou seja, quando Irmãos defendem, em Loja aberta e de maneira intransigente, sua
posição. Não admitem o contraditório, infringindo princípios maçônicos como
tolerância, ética, fraternidade e livre manifestação, com a correlata
responsabilidade.
A
Maçonaria brasileira é filha da coirmã francesa. A entrada da Ordem Maçônica no
País aconteceu no ano de 1796 com o fito de libertar os brasileiros do domínio
português, portanto, uma atitude política.
O entendimento de
proibir Maçons de discutir política profana no âmbito maçônico é recente. Foi
imposta a partir de 4 de setembro de 1929 pela Grande Loja Unida da Inglaterra
(GLUI) que estabeleceu oito critérios para reconhecer Grandes Lojas e Grandes
Orientes espalhados pelo mundo. No sétimo item consta: “As discussões de Ordem
Política e Religiosa são interditadas nas Lojas”.
A GLUI é uma
autocracia que rende homenagens a Igreja Anglicana e a Coroa Inglesa. Sobre
este assunto escreveu, no ano de 2012, o Irmão Kennyo Ismail em prancha
intitulada O Vaticano Maçônico: “O
Príncipe Eduardo, Duque de Kent, é Grão-Mestre da GLUI desde 1967, ou seja, uma
“ditadura maçônica” que dura 45 anos. Alguns podem questionar essa afirmação,
dizendo que ele é constantemente “reeleito”. Porém, não devemos nos esquecer
que Fidel Castro também era. Ambos, por motivos óbvios, sempre foram candidatos
únicos”.
Se
os nossos antepassados não tivessem colocado em prática esfera maçônica suas convicções políticas, a
Maçonaria jamais teria participado das campanhas que orgulham diversas gerações
de Maçons.
Mas
por que existe esta corrente de pensamento na Maçonaria brasileira? Porque
alguns Irmãos acreditam que um reconhecimento internacional é mais importante
que continuar com as lutas iniciadas por nossos ancestrais, cujo princípio
verificou-se na Capitania de Pernambuco sob os auspícios do paraibano Manoel de
Arruda Câmara.
O
ser humano é essencialmente político, não existindo qualquer cidadão apolítico
mesmo que alguns se autointitulem. A política faz parte da vida do homem em
casa, no trabalho, na família e na
Maçonaria.
Reitero
aos Companheiros a obrigação de saber que esta regalia não lhe autoriza a
provocar debates inconsequentes, os quais podem contribuir para uma cisão na
Loja ou Potência. As autoridades constituídas, Grão-Mestre, Grão-Mestre
Adjunto, Grande Orador, Grande Procurador, Venerável Mestre e Orador, devem
tomar as providências necessárias para evitar este tipo de discurso.
Deliberar
sobre política é um direito natural de qualquer cidadão, estando, obviamente,
incluídos os homens livres e de bons costumes que foram recepcionados na
Maçonaria, entidade receptora da Constituição da República Federativa do Brasil
que assegura a livre manifestação política.
No
ambiente maçônico eleições devem ser norteadas por critérios como ética,
tolerância e meritocracia. O interesse da Loja e da respectiva jurisdicionante
deve ser prioridade.
No
mundo profano o Maçom deve trabalhar para conscientizar os membros de sua
comunidade que: voto não tem preço e sim consequência, cargo eletivo não é
hereditário, mandato político não é profissão, proposta para desempenho de
mandato é fundamental e cumprimento desta promessa é obrigação. Creio ainda que
outras campanhas devem ser encetadas visando acabar com alguns absurdos que
existem no meio político brasileiro.
O
Maçom que não participa da vida política da sociedade em que está inserido,
renega o passado glorioso da Maçonaria pátria.
Instituições
centenárias como a Maçonaria brasileira jamais devem barganhar sua história e
tradição.
“O
homem é, por natureza, um ser político e social, conforme já afirmou um
renomado filósofo. Ele sempre está envolvido em alguma atividade relacionada às
outras pessoas”. (João Bosco de Andrade Araújo)
∴
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