No dia 12 do mês
de outubro do ano de 1804, o Irmão Alexandre François Auguste de Grasse, Marquês
de Tilly, autorizado pelo Supremo Conselho dos Estados Unidos da América do
Norte, sediado em Charleston, após elevar alguns Maçons ao Grau 33º, fundou o
Supremo Conselho de França o segundo mais antigo e em atividade no mundo.
Exerceu o cargo de Soberano Grande Comendador nos períodos de 1804 a 1806 e
1818 a 1821, vindo a falecer na data de 14 de maio de 1822.
Existem
Irmãos que contribuíram decisivamente para o engrandecimento da Maçonaria e dos
Ritos que a compõem. O próprio De Grasse é um exemplo de devotamento à Maçonaria
e ao Rito Escocês Antigo e Aceito.
Defendo
a tese que devemos valorizar e divulgar a vida e a obra destes Maçons que nos
deixaram uma história riquíssima seja nos aspectos histórico, administrativo ou
litúrgico.
Ao
ler a obra Os Fios da Meada de autoria do Irmão João Guilherme da Cruz Ribeiro,
tomei conhecimento da vida e obra do Irmão Jean-Pons-Viennet Guillaume, oitavo
Soberano Grande Comendador do Supremo
Conselho de França, que se tornou uma das figuras maçônicas mais respeitada em
sua época, deixando um legado de coragem, dedicação e respeito aos Graus
Filosóficos em nossa Instituição.
Jean-Pons-Viennet
Guillaume nasceu
na data de 18 de novembro de 1777 na cidade de Beziers, departamento de Herault
na França. Sua família era de origem italiana. Concluiu seus estudos na
Faculdade de Beziers, uma das mais tradicionais escolas franceses. Foi militar,
poeta, dramaturgo e político.
Contrariou
sua família e ingressou na Marinha francesa aos dezenove anos de idade. Na
primeira campanha que participou, no ano de 1797, foi aprisionado pelos
ingleses permanecendo encarcerado por sete meses. Neste período aprimorou seus
dotes poéticos e literários, além de desenvolver sua habilidade como ator.
Ganhou a liberdade em uma troca de prisioneiros, retornando as suas atividades
na Marinha francesa.
Na
capital francesa, por volta de 1812, começou a exercitar a sua qualidade de escritor.
No decorrer de sua vida literária produziu epístolas, tragédias, comédias e
poemas, sendo algumas destas obras premiadas. Ingressou na Academia Francesa de
Letras em 18 de novembro de 1830, sucedendo o Conde de Segur na Cadeira de número
22.
Era
possuidor de um talento extraordinário para autopromoção, tendo se relacionado
com todos os vultos políticos e literários de sua época. Sua carreira como
militar, artista e político foi longa e marcada por confrontos.
Foi
iniciado na Maçonaria muito jovem. Exerceu o cargo de Soberano Grande
Comendador do Supremo Conselho da França no período de 1860 a 1868.
No
ano de 1862 os membros do Grande Oriente de França estavam envolvidos na eleição
para o Grão-Mestrado. Concorriam ao cargo dois Príncipes: Lucien Murat candidato
a reeleição e Jérôme Bonaparte pela oposição.
Devido as hostilidades reinantes entre os grupos que concorriam ao
pleito, o Imperador Napoleão III interveio na Obediência Simbólica decretando
que: “a nomeação do Grão-Mestre da Ordem
Maçônica na França cabia, única e exclusivamente, a ele”. Em seguida nomeou
um interventor.
O escolhido para exercer este cargo foi o Marechal e profano
Bernard Pierre Magnan, que ao tomar posse como Grão-Mestre de todos os Maçons franceses
recebeu, de uma só vez, todos os 33 (trinta e três) Graus do Rito Escocês
Antigo e Aceito.
Por desconhecer a independência entre o Simbolismo e os Graus
Filosóficos, o interventor convocou ao seu gabinete Jean-Pons-Viennet Guillaume,
então com 84 anos de idade, Soberano Grande Comendador do Supremo Conselho de
França. Esta convocação tinha como
objetivo tratar de assuntos administrativos, como a obrigatoriedade dos Corpos subordinados
ao Supremo Conselho de se reunirem nas dependências do Grande Oriente
juntamente com as Lojas Simbólicas.
O Irmão Viennet foi firme e comunicou que os Graus Filosóficos
do Rito Escocês Antigo e Aceito são subordinados, única e exclusivamente, ao Supremo
Conselho de França e que este continuaria sob sua autoridade.
Insatisfeito, o Marechal Magnan através de um Decreto datado de 22
de maio de 1862 "dissolve" o Supremo Conselho de França. Em
resposta a este absurdo o Soberano Grande Comendador encaminhou manifestação
oficial onde comunica desconhecer citado documento por considerá-lo ilegal.
O interventou tentou por todos os meios convencer o Imperador a
assinar um ato formalizando a submissão do Supremo Conselho ao Grande Oriente, entretanto,
não obteve êxito. Sobre este embate, o historiador Paul Naudon escreveu: “o
Supremo Conselho continou livre e independente. O tenente-coronel da reserva
bateu o Marechal da França...”.
Apesar da perseguição imposta pelo Marechal Magnan, a independência
entre os chamados Graus Simbólicos ou Graus Universais (1º ao 3º Grau) e os
Graus Filosóficos ou Altos Graus (4º ao 33º) foi mantida.
No
ano de 1867 o Marechal Magnan foi sucedido no cargo de Grão-Mestre do Grande
Oriente de França pelo General Mellinet, que reatou os laços de amizade com o Supremo Conselho de França.
Não
podemos avaliar os desdobramentos e eventuais prejuízos causados ao Rito
Escocês Antigo e Aceito na França, caso o Irmão Viennet não tivesse
tomado esta atitude corajosa e ousada. Porém, temos a convicção que este Irmão,
juntamente com Alexandre e François Auguste de Grasse, são os maiores expoentes
do Rito Escocês Antigo e Aceito em território francês.
O
nosso homenageado faleceu na localidade francesa de Val-Saint-Germain na data
de 10 de julho de 1868, com 90 anos de idade, estando seu corpo sepultado na
Capital francesa.
"Pela sua coragem, integridade e firmeza de
suas posições, Viennet merece o respeito dos Maçons de todos os Ritos". (Irmão João Guilherme da
Cruz Ribeiro)
Bibliografia:
RIBEIRO, João
Guilherme da Cruz. Os Fios da Meada – origens, evolução e imagens do Rito
Escocês Antigo e Aceito. 1ª Ed. Zit Gráfica e Editora. 2007. Rio de Janeiro.
125 p.
Disponível:
<fr.wikipedia.org/.../Jean-Pons-Guillaume_Viennet> Acesso em
27/agosto/2010.
Disponível:
<www.academie-francaise.fr/immortels/.../fiche.asp?...> Acesso em 10/09/2010.
Disponível:
<www.servinghistory.com/.../Jean-Pons-Guillaume_Viennet>. Acesso em
10/09/2010.
Disponível:
<www.museumstuff.com/.../Jean-Pons-Guillaume_Viennet> Acesso em
10/09/2010.
Disponível: <www.ville-beziers.fr/encyclopedie/index.cfm?...6>
Acesso em 11/09/2010.
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