Almir
de Araújo Oliveira
A Maçonaria nasceu cristã e à sombra da
Igreja Católica Apostólica Romana. Apesar da vigilância do clero cristão, as
sociedades de profissionais mantinham em suas tradições alguns costumes
considerados pagãos. Estas organizações de ofícios costumavam comemorar os
solstícios duas vezes por ano, em dezembro e junho. O dia e hora exatos variam
de um ano para outro. No verão a duração do dia é mais longa e no inverso a
noite é mais comprida.
No hemisfério norte o solstício de verão
ocorre por volta do dia 21 de junho e o solstício de inverno invariavelmente no
dia 21 de dezembro. No hemisfério sul é o contrário.
Como estas datas estão próximas das
comemorações de São João Batista (24 de junho) e São João Evangelista (27 de
dezembro), por influência da Igreja, estas efemérides acabaram por se confundir
entre os operativos chegando aos nossos dias.
Alguns maçonólogos asseguram que São
João Evangelista foi o primeiro Patrono da nossa Sublime Ordem. Esta tese é
baseada no fato de alguns monges Beneditinos terem levado um manuscrito do
Evangelho de São João para ser utilizado em uma Loja Maçônica Operativa.
São João Evangelista ou Apóstolo João
(10 d.C a 98 d.C.) foi um dos doze apóstolos de Jesus. Escreveu o Evangelho
segundo João, as três epístolas de João e o livro do Apocalipse. Exercia a
profissão de pescador e era o mais novo dos 12 apóstolos de Jesus.
Em 24 de junho, dia de São João Batista,
por coincidência ou não, foi fundada a Grande Loja de Londres passando este
personagem a fazer parte do rol dos santos homenageados pela Maçonaria. Com o
passar dos anos, talvez devido às comemorações alusivas a fundação da Maçonaria
Especulativa, as homenagens a São João Batista foram priorizadas
transformando-o no principal Padroeiro da Ordem.
Atualmente a posse de vários Grão-Mestres
e Veneráveis Mestres é realizada no dia 24 de junho ou em data bem próxima, demonstrando
a importância dada a este dia. Algumas Obediências comemoram o dia 24 de junho
como o Dia da Fraternidade Maçônica.
João Batista (2 a.C. – 27 d.C.) foi um
pregador judeu citado pelo historiador Flávio Josefo e pelos autores dos
Evangelhos da Bíblia. Segundo Lucas, João Batista era filho do sacerdote
Zacarias e de Isabel, prima de Maria, mãe de Jesus. Os cristãos o consideram precursor de Jesus Cristo. Foi apelidado de
Batista por pregar o batismo de penitência, tendo batizado muitos
compatriotas inclusive o próprio Cristo.
É o único santo cujo nascimento (24 de junho) e morte (29 de agosto) são
lembrados em duas solenidades cristãs.
Alguns Irmãos defendem a tese que o
Patrono da Maçonaria é São João de Jerusalém. Preliminarmente, lembro que a
Igreja Católica rende homenagens a 26 santos denominados de São João, não
existindo neste universo nenhum com o nome de São João de Jerusalém.
Mas como surgiu o nome de São João de Jerusalém?
Para responder esta pergunta transcrevo instrução contida na página 56 da
plaqueta “O Rito Adonhiramita – Historia”, editada pelo Sublime Grande Capítulo
Adonhiramita do Brasil e prefaciada pelo seu Patriarca Edison Carlos Ortiga:
“Consta
que nos tempos das guerras na Palestina, cavaleiros maçons uniram-se aos
Cavaleiros de São João de Jerusalém para, unidos, melhor combaterem os infiéis.
E como eles, sob a proteção desse Santo saíram vitoriosos acertaram que no
futuro todas as Lojas lhe seriam dedicadas. Cabe, agora esclarecer o motivo da
denominação “Cavaleiros de São João de Jerusalém”, já sabendo não existir tal
santo na Igreja. Pelas pesquisas verifica-se ser uma citação feita de forma
inapropriada. Na verdade trata-se da mais antiga das ordens, estabelecida logo
depois da fundação do reino de Jerusalém e chamada de Ordem dos Cavaleiros de
São João de Jerusalém, ou mais precisamente uma Ordem de cavalaria dedicada a
São João Batista, em Jerusalém, para auxiliarem os peregrinos em visita à Terra
Santa. Portanto a denominação Ordem dos Cavaleiros de São João de Jerusalém
deveu-se ao fato de ser a “Ordem dos Cavaleiros de São João” dedicada a São
João Batista, e a complementação “de Jerusalém” é o indicativo do local onde a
Instituição foi criada e estabelecida, no Reino de Jerusalém. Posteriormente
essa Ordem dos Cavaleiros de São João de
Jerusalém deu origem à Ordem dos Cavaleiros de Malta, ainda existente. Agora
que conhecemos a questão, as origens e os enganos, só nos resta abolir
definitivamente o “de Jerusalém” junto ao nome de São João, pois mediante tais
explicações e demonstrações, está na hora da devida correção. Não que irá se
colocar o São João de Jerusalém no ostracismo após tanto tempo de patronato na
Maçonaria Adonhiramita, pois como ficou demonstrado, ele mesmo não existe. O aporte
dele nos nossos rituais só pode ter sido fruto de desatenção a uma série de
fatos. Devemos, isto sim, proceder a justa reabilitação ao SÃO JOÃO BATISTA. Já
que “Houve um homem enviado por deus que se
chamava João.”
Há
uma unanimidade entre os estudiosos em Maçonaria: as nossas Lojas Simbólicas
são dedicadas a São João Batista e São João Evangelista, embora exista uma
predominância do primeiro sobre o segundo. Neste contexto excluímos as Lojas
modernistas, pois o Rito Moderno é agnóstico.
Para
um Maçom cumprir sua missão é necessário observar as tradições da Ordem, sua
doutrina e adotar hábitos saudáveis como a leitura.
Bibliografia:
Centro
de Desenvolvimento Profissional e Tecnológico – CEDET. O evangelho de São João.
Cadernos de estudos bíblicos. 1 ed. CEDET. Campinas. 2015. 123 p.
Sublime
Grande Capítulo Adonhiramita do Brasil. O Rito Adonhiramita – História. Sublime
Grande Capítulo Adonhiramita do Brasil. 58 p.
Disponível:
Disponível:
<http://www.bentogoncalves28.com.br/home/conteudo/1220/sao-joao-o-padroeiro.html
> Acesso em 23 de junho de 2017.
Nenhum comentário:
Postar um comentário