sexta-feira, 23 de junho de 2017

PADROEIROS DA MAÇONARIA


Almir de Araújo Oliveira

A Maçonaria nasceu cristã e à sombra da Igreja Católica Apostólica Romana. Apesar da vigilância do clero cristão, as sociedades de profissionais mantinham em suas tradições alguns costumes considerados pagãos. Estas organizações de ofícios costumavam comemorar os solstícios duas vezes por ano, em dezembro e junho. O dia e hora exatos variam de um ano para outro. No verão a duração do dia é mais longa e no inverso a noite é mais comprida.

No hemisfério norte o solstício de verão ocorre por volta do dia 21 de junho e o solstício de inverno invariavelmente no dia 21 de dezembro. No hemisfério sul é o contrário.

Como estas datas estão próximas das comemorações de São João Batista (24 de junho) e São João Evangelista (27 de dezembro), por influência da Igreja, estas efemérides acabaram por se confundir entre os operativos chegando aos nossos dias.

Alguns maçonólogos asseguram que São João Evangelista foi o primeiro Patrono da nossa Sublime Ordem. Esta tese é baseada no fato de alguns monges Beneditinos terem levado um manuscrito do Evangelho de São João para ser utilizado em uma Loja Maçônica Operativa.

São João Evangelista ou Apóstolo João (10 d.C a 98 d.C.) foi um dos doze apóstolos de Jesus. Escreveu o Evangelho segundo João, as três epístolas de João e o livro do Apocalipse. Exercia a profissão de pescador e era o mais novo dos 12 apóstolos de Jesus.

Em 24 de junho, dia de São João Batista, por coincidência ou não, foi fundada a Grande Loja de Londres passando este personagem a fazer parte do rol dos santos homenageados pela Maçonaria. Com o passar dos anos, talvez devido às comemorações alusivas a fundação da Maçonaria Especulativa, as homenagens a São João Batista foram priorizadas transformando-o no principal Padroeiro da Ordem.

Atualmente a posse de vários Grão-Mestres e Veneráveis Mestres é realizada no dia 24 de junho ou em data bem próxima, demonstrando a importância dada a este dia. Algumas Obediências comemoram o dia 24 de junho como o Dia da Fraternidade Maçônica.

João Batista (2 a.C. – 27 d.C.) foi um pregador judeu citado pelo historiador Flávio Josefo e pelos autores dos Evangelhos da Bíblia. Segundo Lucas, João Batista era filho do sacerdote Zacarias e de Isabel, prima de Maria, mãe de Jesus. Os cristãos o consideram  precursor de Jesus Cristo. Foi apelidado de Batista por pregar o batismo de penitência, tendo batizado muitos compatriotas  inclusive o próprio Cristo. É o único santo cujo nascimento (24 de junho) e morte (29 de agosto) são lembrados em duas solenidades cristãs.

Alguns Irmãos defendem a tese que o Patrono da Maçonaria é São João de Jerusalém. Preliminarmente, lembro que a Igreja Católica rende homenagens a 26 santos denominados de São João, não existindo neste universo nenhum com o nome de São João de Jerusalém.

Mas como surgiu o nome de São João de Jerusalém? Para responder esta pergunta transcrevo instrução contida na página 56 da plaqueta “O Rito Adonhiramita – Historia”, editada pelo Sublime Grande Capítulo Adonhiramita do Brasil e prefaciada pelo seu Patriarca Edison Carlos Ortiga:

“Consta que nos tempos das guerras na Palestina, cavaleiros maçons uniram-se aos Cavaleiros de São João de Jerusalém para, unidos, melhor combaterem os infiéis. E como eles, sob a proteção desse Santo saíram vitoriosos acertaram que no futuro todas as Lojas lhe seriam dedicadas. Cabe, agora esclarecer o motivo da denominação “Cavaleiros de São João de Jerusalém”, já sabendo não existir tal santo na Igreja. Pelas pesquisas verifica-se ser uma citação feita de forma inapropriada. Na verdade trata-se da mais antiga das ordens, estabelecida logo depois da fundação do reino de Jerusalém e chamada de Ordem dos Cavaleiros de São João de Jerusalém, ou mais precisamente uma Ordem de cavalaria dedicada a São João Batista, em Jerusalém, para auxiliarem os peregrinos em visita à Terra Santa. Portanto a denominação Ordem dos Cavaleiros de São João de Jerusalém deveu-se ao fato de ser a “Ordem dos Cavaleiros de São João” dedicada a São João Batista, e a complementação “de Jerusalém” é o indicativo do local onde a Instituição foi criada e estabelecida, no Reino de Jerusalém. Posteriormente essa Ordem dos Cavaleiros de São  João de Jerusalém deu origem à Ordem dos Cavaleiros de Malta, ainda existente. Agora que conhecemos a questão, as origens e os enganos, só nos resta abolir definitivamente o “de Jerusalém” junto ao nome de São João, pois mediante tais explicações e demonstrações, está na hora da devida correção. Não que irá se colocar o São João de Jerusalém no ostracismo após tanto tempo de patronato na Maçonaria Adonhiramita, pois como ficou demonstrado, ele mesmo não existe. O aporte dele nos nossos rituais só pode ter sido fruto de desatenção a uma série de fatos. Devemos, isto sim, proceder a justa reabilitação ao SÃO JOÃO BATISTA. Já que “Houve um homem enviado por deus que se  chamava João.”

Há uma unanimidade entre os estudiosos em Maçonaria: as nossas Lojas Simbólicas são dedicadas a São João Batista e São João Evangelista, embora exista uma predominância do primeiro sobre o segundo. Neste contexto excluímos as Lojas modernistas, pois o Rito Moderno é agnóstico.

Para um Maçom cumprir sua missão é necessário observar as tradições da Ordem, sua doutrina e adotar hábitos saudáveis como a leitura.


Bibliografia:
Centro de Desenvolvimento Profissional e Tecnológico – CEDET. O evangelho de São João. Cadernos de estudos bíblicos. 1 ed. CEDET. Campinas. 2015. 123 p.
Sublime Grande Capítulo Adonhiramita do Brasil. O Rito Adonhiramita – História. Sublime Grande Capítulo Adonhiramita do Brasil. 58 p.
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