terça-feira, 2 de junho de 2015

ACADÊMICO AGREDIDO



Ailton Elisiário *

No domingo 17 de maio, aqui em Campina Grande, o confrade Ednaldo Alves da Silva foi violentamente espancado na Rua Bento Viana. A rua estava deserta e nela caminhava sozinho em direção ao seu carro estacionado, quando de repente foi imobilizado pelas costas por um desconhecido que anunciou assalto. O assaltante, antes mesmo de qualquer esboço de reação de Ednaldo, o esbofeteou com brutalidade, deixando-o prostrado ao chão, ensanguentado e com a face e o corpo machucados. O agressor era jovem e se fazia acompanhar de outro que se encontrava à distância pilotando uma motocicleta.

Ednaldo é uma pessoa de idade avançada, pacato, de boa índole, indefeso pela própria condição da idade. É dentista aposentado, escritor, historiador, colaborador de jornais da cidade, membro efetivo da Academia de Letras de Campina Grande, onde ocupa a Cadeira nº 32. Ainda hoje se encontra traumatizado, física e psicologicamente, esvaindo-se em lágrimas quando se recorda daqueles terríveis momentos. A violência praticada contra ele nos faz relembrar Dostoievsky que disse: “compara-se muitas vezes a crueldade do homem à das feras, mas isso é injuriar estas últimas”.

A violência urbana está impedindo que as pessoas transitem pelas ruas. As pessoas estão vivendo encerradas em suas casas, enquanto os bandidos povoam as avenidas. Estes não se sentem satisfeitos em apenas assaltar, montam um show de agressões recheado de requintes de crueldade. “Sem crueldade não há espetáculo”, escreveu Nietzsche. E nossa Rachel de Queiroz disse: “Fala-se muito na crueldade e na bruteza do homem medievo. Mas o homem moderno será melhor?”.

É preciso que o país tenha uma política de segurança pública eficiente, que envolva as três esferas de governo, as instituições e os cidadãos. Na 1ª Conferência Nacional de Segurança Pública, em 2009, o Ministério da Justiça já afirmava: “diante do agravamento da criminalidade, o aparato estatal mostrou-se pouco eficaz na contenção da violência”.

Nosso confrade tornou-se mais uma vítima, um novo número na estatística dos boletins de ocorrências, como qualquer um de nós poderá vir a sê-lo. A ele nossa solidariedade, na esperança do que diz o canto de entrada da missa dominical: “Vamos, gente unida, resgatar a paz nesta cidade”.

* Maçom, advogado e professor. Presidente da Academia de Letras de Campina Grande e membro efetivo da Academia Paraibana Maçônica de Letras.

Encaminhado pelo autor via e-mail. 

Um comentário:

Notas Impertinentes disse...

Os doutos de nossa pobre República alegam que o número de menores de 18 anos que praticam crimes violentos é muito pequeno, e que a mudança não iria resolver o problema da criminalidade no Brasil. Ambas as afirmações são verdadeiras e sem nenhuma importância. Quem está dizendo o contrário? O objetivo da medida, no entanto, está em punir os delitos que hoje ficam legalmente sem punição - e nada mais.

É lícito afirmar que também é verdade que pessoas de 60 anos cometem poucos crimes, e nem por isso se propõe que se tornem livres de responder por seus atos, tanto quanto é verdade que os crimes não vão desaparecer com nenhum tipo de lei - e nem por isso se elimina o Código Penal.

Talvez esteja na hora de pensar que existe alguma coisa profundamente errada com a paixão pela tese de que a desigualdade social é a grande culpada pela criminalidade no Brasil. Segundo o governo, a redução da pobreza está passando por um avanço inédito na história; nesse caso, deveria haver uma redução proporcional no número de crimes, não é? Mas o crime só aumenta. Ou não houve o progresso que se diz, ou a tese está frouxa. Como fica?

Enquanto as "otoridades" confabulam entre nuvens, nós padecemos aqui na terra por conta da omissão e dos ideólogos do coitadismo.

Luiz Couri.·.