Ailton Elisiário *
No
domingo 17 de maio, aqui em Campina Grande, o confrade Ednaldo Alves da Silva
foi violentamente espancado na Rua Bento Viana. A rua estava deserta e nela
caminhava sozinho em direção ao seu carro estacionado, quando de repente foi
imobilizado pelas costas por um desconhecido que anunciou assalto. O
assaltante, antes mesmo de qualquer esboço de reação de Ednaldo, o esbofeteou
com brutalidade, deixando-o prostrado ao chão, ensanguentado e com a face e o
corpo machucados. O agressor era jovem e se fazia acompanhar de outro que se
encontrava à distância pilotando uma motocicleta.
Ednaldo
é uma pessoa de idade avançada, pacato, de boa índole, indefeso pela própria
condição da idade. É dentista aposentado, escritor, historiador, colaborador de
jornais da cidade, membro efetivo da Academia de Letras de Campina Grande, onde
ocupa a Cadeira nº 32. Ainda hoje se encontra traumatizado, física e
psicologicamente, esvaindo-se em lágrimas quando se recorda daqueles terríveis
momentos. A violência praticada contra ele nos faz relembrar Dostoievsky que
disse: “compara-se muitas vezes a crueldade do homem à das feras, mas isso é
injuriar estas últimas”.
A
violência urbana está impedindo que as pessoas transitem pelas ruas. As pessoas
estão vivendo encerradas em suas casas, enquanto os bandidos povoam as
avenidas. Estes não se sentem satisfeitos em apenas assaltar, montam um show de
agressões recheado de requintes de crueldade. “Sem crueldade não há espetáculo”,
escreveu Nietzsche. E nossa Rachel de Queiroz disse: “Fala-se muito na
crueldade e na bruteza do homem medievo. Mas o homem moderno será melhor?”.
É
preciso que o país tenha uma política de segurança pública eficiente, que
envolva as três esferas de governo, as instituições e os cidadãos. Na 1ª
Conferência Nacional de Segurança Pública, em 2009, o Ministério da Justiça já
afirmava: “diante do agravamento da criminalidade, o aparato estatal mostrou-se
pouco eficaz na contenção da violência”.
Nosso confrade
tornou-se mais uma vítima, um novo número na estatística dos boletins de
ocorrências, como qualquer um de nós poderá vir a sê-lo. A ele nossa
solidariedade, na esperança do que diz o canto de entrada da missa dominical:
“Vamos, gente unida, resgatar a paz nesta cidade”.
Encaminhado pelo autor via e-mail.
Um comentário:
Os doutos de nossa pobre República alegam que o número de menores de 18 anos que praticam crimes violentos é muito pequeno, e que a mudança não iria resolver o problema da criminalidade no Brasil. Ambas as afirmações são verdadeiras e sem nenhuma importância. Quem está dizendo o contrário? O objetivo da medida, no entanto, está em punir os delitos que hoje ficam legalmente sem punição - e nada mais.
É lícito afirmar que também é verdade que pessoas de 60 anos cometem poucos crimes, e nem por isso se propõe que se tornem livres de responder por seus atos, tanto quanto é verdade que os crimes não vão desaparecer com nenhum tipo de lei - e nem por isso se elimina o Código Penal.
Talvez esteja na hora de pensar que existe alguma coisa profundamente errada com a paixão pela tese de que a desigualdade social é a grande culpada pela criminalidade no Brasil. Segundo o governo, a redução da pobreza está passando por um avanço inédito na história; nesse caso, deveria haver uma redução proporcional no número de crimes, não é? Mas o crime só aumenta. Ou não houve o progresso que se diz, ou a tese está frouxa. Como fica?
Enquanto as "otoridades" confabulam entre nuvens, nós padecemos aqui na terra por conta da omissão e dos ideólogos do coitadismo.
Luiz Couri.·.
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